Agora Sem Inspiração

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domingo, outubro 29, 2006

Miss you, Buster...








Fazes-me falta porque sim, fazes-me falta porque não.

Fazes-me falta porque não tenho orgulho, fazes-me falta porque me fazes falta.

Eu roubava-te o chuveiro e tu não gostavas, mas eu gostava da tua cara quando não gostavas. Eu gostava de te roubar o lençol durante a noite e tu espirravas porque estavas com frio e eu fazia de propósito, porque assim podia-te abraçar e dizer que te queria aquecer, e tu abraçavas-me e gostavas que eu te aquecesse.

Todas as manhãs punha teu perfume porque queria sentir-te mesmo quando não estavas perto de mim, e tu escondeste o teu perfume porque já era pouco, mas mesmo assim eu punha às escondidas e jurava sempre que te ía comprar outro frasco, mas nunca comprei, e estou tão arrependida.

Fazes-me falta porque te fazia o jantar e tu comias e mesmo quando eu sabia que me tinha esquecido do sal, tu dizias que era a melhor comida que já comeste em toda a tua vida, mesmo que depois fosses comer um pão com queijo para tapar o buraquinho da fome, mas mesmo assim eu acreditava em ti, porque eu sempre acreditei em ti e tu não acreditavas em mim, mesmo quando eu te dizia que tinhas de acreditar em mim porque eu nunca te menti sabes?

Fazes-me falta nas viagens do nosso comboio, porque são grandes e eu não tenho com quem conversar, e eu queria que tu fosses sempre ao meu lado porque tu falavas comigo, e mesmo quando eu não respondia tu já sabias que era porque eu gostava só de te ouvir e ouvir. E às vezes eu adormecia no teu colo, e tu acordavas-me com beijinhos porque tu sabes que eu fico rabujenta quando acordo, e tu não gostavas de me ver rabujenta.

Fazes-me falta porque eu dobrava as tuas meias como se fossem as meias mais preciosas do mundo, e eu sei que tu gostas de ter as meias dobradas e também gostas de ter a roupa engomada e eu não sei engomar muito bem, mas engomava a tua roupa com o maior amor do mundo, mesmo que a roupa ficasse com o maior vinco do mundo.

Fazes-me falta porque eu todas as noites te aquecia um copo de leite e tu ias para a cama mais aconchegado e eu deitava-me ao teu lado e tu pedias com voz pequenina para eu te fazer festinhas e cantar baixinho ao teu ouvido, e mesmo quando eu estava muito, muito cansada, eu reunía as forças do meu amor por ti e fazia-te as tais festinhas na cabeça e cantava-te a nossa música, e mesmo quando já me doíam as mãos e as unhas eu continuava porque eu sabia que tu gostavas das minhas unhas , tu pedias sempre para eu fazer festas com as unhas porque tu não gostavas que eu as fizesse com a cabeça dos dedos.

E de manhã eu punha o meu despertador porque eu sabia que tu desligavas o teu só para eu não me ir embora, mas às vezes eu não punha o meu despertador porque às vezes eu não queria ir embora.

Fazes-me falta porque eu comprava-te chocolates para depois irmos ver filmes bem agarradinhos no sofá e às vezes no meio do filme tu dizias baixinho que nunca me ías deixar e dizias baixinho que me amavas e eu respondia-te com um beijo baixinho e tu percebias a minha resposta.

E às vezes eu não me conseguia calar e falava muito alto e tu agarravas-me e com jeitinho dizias que eu tinha de falar baixo porque os vizinhos de cima não gostavam de barulho.

Lembras-te? Lembras-te como eu me lembro?

Fazes-me falta porque sim, fazes-me falta porque não, fazes-me falta porque me fazes falta e eu não gosto nada de sentir a tua falta, mas fazes-me falta porque eu ainda te amo e irei sempre amar.


Setembro2006


3 comentários:

Nuno Andre Catarino disse...

Esta pode ser a primeira parte….



Uma historia de um era uma vez

De um era uma vez aprender.



Foi por Um aprender a gostar, um aprender a reencontrar a essência que há dentro de mim



Uma essência que te traz nas letras das canções, no sal das lágrimas, no colorido das fotos.



Um colorido que se vai, que leva com ele o ar de respirar e traz o veneno do suspirar.



Um veneno que não mata, um veneno que não dá vontade de viver.



Uma vontade de flutuar, um desejo de saber nadar.





Há coisas que nunca se aprendem,



Aprender a lidar com a saudade, e,

Com o saber que a agua que nos alaga os olhos não poderá reflectir o brilho de te ver,

Com a mecânica do mundo por mais voltas que dê aquele lugar ferido fica ali …





Aquele lugar ferido que decoramos o caminho para ele a todo o momento, que sabemos de cor as curvas que ele tem, os buracos que teve, as paisagens de um rosto multiplicado pelas suas múltiplas expressões.

Aquele mural com que decoras a expressão que se veste no rosto, a maneira com que ele reflecte a tua imagem em todas as moléculas que compõem o sistema solar.



O Sol… o sol que se pôs, a lua que não tem mais razão de ficar cheia, o arco íris que fica a preto e branco… o ar que se torna em nuvens de fumo espesso e que trazem em cada inspiração o nevoeiro nítido e colorido do passado, sem qualquer tipo de saudosismos apenas com o sentimento da felicidade que não será a mesma.



Não há parte boa no lado obscuro da lua, não há agua, nem areia…. Só cinzas, assim o dizem os astronautas, assim o digo eu que nunca fui á lua nem a qualquer outro calhau espalhado na galáxia, a galáxia que apenas conheço é a dos sonhos das pequenas coisas, de um reaprender a caminhar lentamente que foi feito há alguns anos. De uma traumatologia sem diagnóstico nem terapia e que apenas á custa de fracturas se constrói, de uma medicação feita de pequenas coisas sem valor comercial como um minúsculo sorriso, ou uns míseros 20min de metro.



Ninguém precisa de um sempre, apenas de um temporário permanente.

Mas há quem se degladie com uma tristeza galopante por o seu ilusório sempre ser um terminal latente.



Um deserto sem rosas, sem flores amarelas, sem ramos verdes prestes a florir a breves instantes… é nesse voo que se fica lançado pairando no ar, um grão de areia caído, viajante sem tempo, sem rumo nem destino. Um grão de areia prestes a ficar enterrado, inerte imóvel, no desespero de uma busca de um sorriso muito familiar.



Um sorriso familiar com que já se acordou, um bafejar de certas noites ou o combustível que ardia fora da lareira nas noites de sofá.



Um simplesmente rígido e nada dinâmico ‘estar aqui’, como quem aguarda a incerteza de uma cura para o futuro. Ver o tempo passar sem que ele nos leve, o tempo que nos leva para o passado. Alguém num canto, num sitio escondido e quiçá esquecido, que aguarda com o desespero de uma calma frenética e inquietante a correr no sangue que lhe cruza o corpo.



Uma dor tremenda, uma dor avassaladora que percorre os sentidos e contamina o coração. Uma dor de coração que corta a respiração, uma dor que aniquila os sentidos e fermenta os sentimentos.

È assim…

Não tem de ser assim…



Sinto-me como uma criança… cheio de pontos de interrogação plantados.

Com um mundo de canções subterrâneas revisitadas a cada momento, um monte de canções mais que cantadas, ouvidas e sentidas em dueto quanto mais não seja no espelho das nossas pessoas.

E sabes que os meus espelhos, os meus escapes são a musica, a fotografia e poucos mais.



E que um milagre aconteça, por mais incerta que a hora seja, porque certamente vou estar em casa quando o milagre passa.



Quem me dera saber tocar piano, quem me dera conseguir fazer musica, ceder a alguém a intensidade da dor impartilhável que se armazena dia após dia, hora após hora em que se tem de ceder a tentação de fertilizar palavras com sentimentos através de uma simples mensagem.





Gostava que me desses forças para continuar a sonhar . . .



Para poder continuar a sorrir

Para poder continuar a construir



A poder ver as nossas fotos na parede, aquelas em que me inspiraste quando tas tirei, quando as modifiquei, em que continuas a inspirar quando vejo.



Agarra a minha mão . . . vou agarrar a tua com muita força, com a força de correr contigo o mundo, com a união de quem pode mudar o mundo.



Dá-me força de respirar

De ter ar para cada vez que não te puder ver fique a suspirar, prender-mos ar que há entre nós, fazer dele o que sempre foi, um elemento essencial.



Prende a minha mensagem, trata-a com o carinho de um tesouro, pensa sobre ela, alarga os horizontes com ela, regressa a nós através dela, simplesmente assim, simplesmente tu. Mesmo que não tragas no rosto a maquilhagem de um sorriso tudo farei para o esboçar, para o fotografar, para o poder ter na minha parede, para me poder aquecer o coração, para poder colorir, para poder sorrir, para poder partilhar, para poder ter mais dois pés e duas mãos com quem caminhar.



E regressemos assim… simplesmente a uma lagoa azul, reencontrados dos nossos caminhos. Em que sentiremos por cada onda da água ou por cada gota dela como um motivo para nos abraçarmos, para celebrarmos algo que temos entre nós.



Deixa-me renascer, deixa-me mostrar-te quem eu sou renascido, o André que sempre esteve um pouco oculto e que se julgava a defeso de tantos medos e receios passados e que novamente ganham forma.

Deixa…



Deixa-me que te conte coisas, que fale contigo noites sem fim, que te possa servir o pequeno almoço e voltar a acordar com um beijo.

Que fale contigo nem que seja sobre a vida social das formigas, que todos os momentos se voltem a preencher, que tudo valha a pena como sempre valeu.

Que todo este turbilhão em que nos envolvemos traga algo positivo ás nossas vidas, que seja simplesmente um ponto de partida, que seja muito mais que um relacionamento, que seja o que me fartei de matutar nos últimos tempos e está pronto a ser entregue a ti, e simplesmente dedicado a ti.

Este sou eu, estes fomos nós.

Estes sonharei o sermos nós.

Goodnight, Hollywood Blvd. disse...

tudo o que passámos...
deixa-me sem palavras.

tudo o que ainda vamos passar, mas de maneira diferente...

Anónimo disse...

ai como eu gosto deste texto!*****************************